Entre janeiro e junho deste ano o mercado nacional absorveu 13,3 mil unidades, volume 13,7% inferior ao do mesmo intervalo de 2013. Segundo a análise feita pela Mercedes-Benz esta queda deve se aprofundar e ficar entre 15% e 18% até o fim do ano, somando no máximo 27 mil chassis. O efeito é reflexo do menor número de dias úteis e dos problemas para a liberação de crédito do Finame no início do ano. Ainda assim, Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus, trabalha para que a Mercedes-Benz chegue ao fim de 2014 com retração bem menor nos negócios e aumento de participação no mercado. “Espero que a nossa queda chegue, no máximo, a 5%”, detalha.
Dentre todos os segmentos, o de modelos voltados ao transporte escolar foi um dos que sofreu o maior declínio. Segundo Walter, houve redução das compras governamentais do programa Caminho da Escola. O programa lançado em 2007 faz licitações para a aquisição de, em média, 4 a 6 mil unidades por ano desde então. No ano passado esse volume teve pico, chegando a 10 mil veículos. Depois da aceleração, 2014 enfrenta quebra no ritmo, com a aquisição de entre 3 mil e 3,5 mil chassis. O Caminho da Escola foi o responsável por mudar o cenário do mercado de ônibus no País. “Já virou uma política de estado. Estas compras continuarão sendo feitas”, acredita o diretor.
Outra categoria que sofreu retração expressiva no primeiro semestre foi a de veículos com aplicação rodoviária. Barbosa aponta que as vendas do mercado total caíram significativos 26% em comparação ao ano anterior. Para o diretor, a baixa é consequência de mudanças feitas no modelo de concessão das linhas de ônibus interestaduais. “Ao invés de vencer licitação as empresas deverão ter agora uma autorização.” Porém, essa mudança deverá entrar em vigor apenas em 2015 devido a especificações técnicas que precisam acontecer.
Em levantamento da Mercedes-Benz foi constatado que a frota brasileira de ônibus interestaduais soma 14,2 mil unidades com idade média de 9,2 anos. “O objetivo é baixar esse número para cinco anos, o que abre a necessidade de comprar 8 mil veículos nos próximos anos. Isso gera otimismo para o segmento”, explica Barbosa.
O diretor da área de ônibus da Mercedes-Benz admite que não esperava queda tão brusca nas vendas de modelos rodoviários no primeiro semestre. Para ele, o grande desafio seria enfrentado no segmento de chassis urbanos por causa da pressão popular por manter as tarifas baixas. As vendas desta categoria, no entanto, apresentaram a menor queda entre os ônibus de janeiro a junho, de 3% no mercado total. Com as eleições em outubro, o segundo semestre deve interromper este ritmo.
Apesar da retração, Barbosa é otimista acerca da expansão do segmento nos próximos anos. “O Brasil é o terceiro mercado de ônibus global e hoje o transporte público é uma vitrine”, explica, destacando o interesse dos governantes em investir no setor.