Papo de Busão

Temas como a liderança de mercado, ônibus integral e superarticulado foram discutidos no podcast "Papo de Busão", um bate-papo entre o jornalista Ivo Mattos, idealizador do site "Rede de Transporte", e Walter Barbosa, diretor de Vendas e Marketing Ônibus da Mercedes-Benz do Brasil. Confira os principais trechos da entrevista:


Rede de Transporte - Qual o segredo de vender tão bem?

Walter Barbosa - Vamos lá, Ivo, o grande segredo chama-se foco e dedicação ao negócio de ônibus. A Mercedes-Benz investe muito em ônibus, o Brasil é o centro mundial de desenvolvimento de chassi e isso faz toda uma diferença, pois temos a nossa engenharia dedicada para desenvolver tecnologias, tanto para o mercado brasileiro quanto para outros países. Nós temos também uma linha de produção dedicada e exclusiva ao negócio de ônibus, e um ponto que eu considero extremamente fundamental é a rede de concessionárias, que prestam também o atendimento e o serviço para todos os nossos frotistas. Parte da rede é dedicada ao negócio de ônibus, com mecânicos e monitores de serviços exclusivos.


Rede de Transporte - Ou seja, é respirar ônibus

Walter Barbosa - Isso no nosso segmento faz diferença. A fábrica se dedica muito ao relacionamento com todos os frotistas. E não é só. A Mercedes-Benz fomenta muito o debate com as associações para garantir a rentabilidade do segmento, afinal, ter 54% de participação é ter uma responsabilidade muito grande da marca que é líder de mercado há mais de 60 anos.

 

Rede de Transporte - Temos diversas configurações de modelos urbanos, rodoviários, micro-ônibus, entre outros. Fale para nós como é trabalhar juntamente do encarroçador quando a prefeitura "X" pede um tipo de configuração e a prefeitura "Y" pede para mudar alguma coisa. Como é isso?

Walter Barbosa - Sem dúvida, é um grande desafio para todos os fabricantes de ônibus no Brasil. Quando a gente faz uma comparação, dá para entender um pouco mais porque funciona assim. Na Europa e nos Estados Unidos, o ônibus integral faz todo o sentido, ficando muito mais fácil de atingir uma qualidade máxima do produto, poucas configurações e mais produtos em série. Quando a gente fala de Brasil, nós temos, aproximadamente, 5.500 municípios e cada um exige um leiaute diferente da carroceria — em número de assentos, largura e espaçamento de assentos, quantidade, posicionamento e dimensão de portas, quantidade de leitos. Por isso nasceram os encarroçadores no Brasil, com uma capacidade de fazer algo bastante flexível e sob medida. Então o encarroçador trabalha com se fosse um alfaiate do transporte de passageiro. Isso tem pontos positivos, que é atender a vários mercados de forma diferente, e o desafio é manter a qualidade do produto final tendo em vista que cada dia é feito um carro diferente. E aí, para contribuir com isso, a Mercedes-Benz tem uma área da qualidade que fica dentro de cada encarroçador para fazer o acompanhamento mais de perto da interface do chassi com a carroceria. Na parte do chassi, as modificações são mínimas e, por isso, conseguimos manter uma produção seriada. 


Rede de Transporte – Para quem gosta e acompanha o setor, vamos falar da fábrica de Campinas, onde era produzido o ônibus integral monobloco. Não podemos mais pensar em monobloco no Brasil?

Walter Barbosa - Não existe uma resposta certa para esta questão. Para poder voltar uma produção de um ônibus integral, primeiro teria que haver uma mudança nas configurações técnicas da normatização das especificações de leiaute interno das carrocerias que colocasse padrão, faria mais sentido para a Mercedes-Benz voltar com o ônibus integral. Enquanto houver encarroçadores em condições de produzir sob medida, não faz muito sentido para a marca produzir o ônibus integral no Brasil. 

 

Rede de Transporte - Quando falamos de urbanos pesados, a Mercedes-Benz bate na tecla do superarticulado. Podemos pensar em um biarticulado da Mercedes-Benz no Brasil?

Walter Barbosa - Podemos sim. Por que a Mercedes-Benz ainda não tem biarticulado? Porque acreditamos que a demanda de passageiros nos últimos cinco anos vem caindo. O superarticulado veio com uma proposta muito interessante, que é ter a melhor relação custo-benefício para o sistema de BRT. Evidentemente, o biarticulado vai transportar mais pessoas durante o pico, mas não vivemos só do pico. Temos o restante do dia, que o biarticulado roda vazio. Então não faz muito sentido.


Quer ouvir o bate-papo na íntegra? Acesse o link: http://rededotransporte.com.br/pt/podcast-1-papo-de-busao/
 

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