Transporte coletivo urbano: de 1817 ao futuro

Cada um nós sabemos, na própria experiência de mobilidade na cidade na qual moramos, sabemos da importância do transporte público para o bom fluxo das pessoas. Mas entender um pouco a história e como funciona o transporte público de passageiros nas principais cidades no Brasil, nos ajuda em entender melhor como está a cidade na qual cada um de você, leitor, vive!

Para termos como referência quais são as principais cidades, vamos usar números do IBGE para referência, tudo bem? Para o IBGE, as principais cidades brasileiras são aquelas que contam com mais de 1 milhão de habitantes que, por sua, vez precisam de sistemas de transporte público de passageiros mais avançados. Então, vamos entender como o transporte público funciona nas principais cidades, mas, antes, vamos conhecer um pouco da história do transporte público de passageiros.

 

A primeira concessão 

Conforme registros na biblioteca da PUC-Rio, de número 0410894/CA, a primeira concessão de transporte público de pessoas foi em 1817 no Rio de Janeiro. Foi quando D. João VI concede duas linhas a Sebastião de Suriguê, sargento-mor da Guarda Real. As linhas faziam o percurso Praça XV-Quinta da Boa Vista e Praça XV-Fazenda Santa Cruz e as viagens duravam mais de cinco horas. Os veículos já eram chamados de ônibus e, realmente, apesar de serem puxadas por cavalos ou mulas, já tinham a "carroceria" com seis janelas de cada lado, em desenho que seguem as carrocerias de ônibus até hoje, obviamente, guardando as diferenças tecnológica que separam esses dois séculos. 

Assim, outras companhias de ônibus foram surgindo e, o sucesso dos ônibus foi tão grande, que os donos de outros meios de transporte, como carruagens, protestaram contra o novo concorrente. 

O auto-ônibus, como era chamado na época o veículo movido a motor a combustão abastecido com gasolina, surgiu no Rio de Janeiro em 1908, apenas três anos depois de circular em Paris, na França. Em 1917, foi aprovado um auto-ônibus movido a eletricidade importado dos EUA, mas era de difícil viabilidade técnica e econômica, e durou só até 1928, quando forma substituídos por ônibus de dois andares da Viação Excelsior. Nesse ano, 88,1 milhões de pessoas/ano já eram transportadas por ônibus. 

 

A consolidação

Nas décadas seguintes, o ônibus se firmou como o principal meio de transporte público. Mesmo com o surgimento de outros modais, importantes para a mobilidade urbana, intermunicipal e interestaduais como trens e metrôs. A preferência pelo ônibus foi por acessar qualquer lugar, diversificando as viagens, sem necessidade de colocar trilhos.

Segundo os mesmos registros da PUC-Rio, a consolidação do ônibus a partir de 1962, quando o Poder Público assumiu o papel de planejador e controlador efetivo do transporte público com a criação da CTC (Companhia de Transportes Coletivos), fiscalizando as empresas de lotações.

Todas as grandes e médias cidades importaram as iniciativas do Rio de Janeiro, tendo, sempre o poder local como responsável pelo planejamento das linhas, emissão das permissões para as empresas e a fiscalização. 

Como funciona hoje

Com o desenvolvimento e urbanização das cidades, as prefeituras por todo o Brasil colocaram maior empenho na questão de transporte urbano coletivo, tendo diferenças entre elas, até mesmo, em razão do tamanho e recursos para investir em infraestrutura.

A partir da necessidade de locomoção, o Brasil cresce como referência mundial em ônibus, pois não havia recursos financeiros para investir em outros modais na mesma rapidez que a população e o número de cidades crescia. 

O ônibus sempre foi e é visto como uma solução eficiente por sua flexibilidade em acessar diferentes localidades e pelo baixo custo. 

Assim, outra grande inovação veio em 1974, quando o prefeito de Curitiba, o arquiteto Jaime Lerner, criou o BRT (Bus Rapid Transport), uma ideia de ter um transporte sobre rodas de alta capacidade e muito mais barato do que o metrô. 

O modelo do BRT já foi adotado em mais de 300 cidades pelo mundo e continua sendo um dos sistemas de baixo custo mais indicado para grandes cidades, além dos corredores exclusivos como alternativa em locais que não há necessidade, ou espaço, ou recursos suficientes para a implantação do BRT. 

Assim, para que não haja dúvida de quem é a responsabilidade pelo transporte urbano coletivo, desde a promulgação da Constituição Federal de 1998, os municípios passaram, oficialmente, a serem os responsáveis pelo transporte público urbano. Veja o que diz o inciso V do artigo 30: “Cabe ao município organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluindo o de transporte coletivo, que tem caráter essencial”.

 

O que podemos esperar do futuro

Muitas inovações tecnológicas estão a caminho para melhorar o transporte urbano de passageiros. A implantação vai variar entre os municípios em razões do potencial de recursos financeiros e prioridades de cada cidade. Independentemente disso, o que há para chegar:

Ônibus mais modernos, com tecnologias de conectividade, como telemetria e Wi-Fi, o que já é realidade em algumas regiões, modelos mais econômicos e com baixa ou nenhuma emissão de poluentes, e também bem mais seguros com as tecnologias de monitoramento e segurança para que o veículo rode da melhor forma em cada trecho da viagem. 

Na infraestrutura, já há tecnologias disponíveis para aperfeiçoar o desempenho do ônibus em BRT e corredores, com a comunicação com semáforos para que o coletivo tenha preferência no cruzamento. 

Com infraestrutura, gestores, ônibus e passageiros conectados pela internet, todos estarão bem informados sobre tudo o que ocorre e, assim, planejarem suas viagens com segurança e conforto. O passageiro, por exemplo, poderá saber, com antecedência, qual o melhor ônibus pegar para chegar ao destino com o máximo conforto, sem perder tempo no ponto ou ter que andar em ônibus lotado sem necessidade.

 

 

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